Sagas de um leitor: parte I - Quem nunca?

Ah, a doce sinfonia do silêncio sendo brutalmente interrompida pelo "Oi, tudo bem?" de um conhecido distante no ônibus lotado. O horror! O pavor! Ter que fingir interesse em trivialidades quando você está prestes a descobrir o segredo da felicidade eterna nas páginas de "101 Maneiras de Fazer Miojo"!
Em um mundo ideal, teríamos um campo de força invisível ativado por comando de voz: "Modo eremita ativado!". Mas como a tecnologia ainda não nos abençoou com tal maravilha, nós, leitores introvertidos, desenvolvemos táticas de camuflagem dignas de um agente secreto.
Disfarces:
O clássico "óculos escuros e fone de ouvido": Nível básico de camuflagem. Funciona em 80% das vezes, mas falha contra conhecidos insistentes com superpoderes de audição.
O "camaleão literário": Adapte-se ao ambiente! Na fila do banco, revista "Exame". No consultório médico, "Superinteressante". Na sala de espera do dentista, "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas" (para aplicar no dentista, obviamente).
O "zumbi tecnológico": Enterre o rosto no celular. Finja estar respondendo emails importantíssimos ou negociando ações na bolsa de valores. Vale tudo, menos parecer disponível para uma conversa.
Técnicas de Evasão:
O "olhar de paisagem": Treine a arte de olhar fixamente para o nada, como se estivesse admirando a beleza singular de um ponto indefinido no espaço.
A "leitura dinâmica kamikaze": Comece a ler freneticamente, virando as páginas a cada 2 segundos. Ninguém ousará interromper um leitor tão dedicado.
O "ninja da mudança de assento": Domine a arte de se deslocar sorrateiramente pelo ambiente, mudando de lugar a cada 3 minutos. Seja imprevisível!
Em último caso:
A "interpretação dramática": Simule um ataque de tosse repentino, finja um desmaio ou comece a falar sozinho em outro idioma. Seja criativo!
Lembre-se, caro leitor, a sua paz interior é o seu bem mais precioso. Proteja-a com unhas e dentes (e um bom livro). No entanto, se todas as suas táticas falharem, renda-se. Respire fundo, sorria e pense: "Pelo menos terei uma boa história para contar quando voltar para a minha leitura".
E se a conversa for realmente insuportável, sempre poderá recorrer ao clássico: "Preciso ir ao banheiro!".
Você já se viu nesta situação?
Sim
Não