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Balanço do II Congresso Estadual da JPT-RJ




Se a JPT chega ao seu II Congresso Nacional fortalecida com o dispositivo estatutário que definiu cota de 20% para a juventude nas direções, é preciso lembrar que houve um I Congresso quando muitos diziam que a JPT não conseguiria se unir e se organizar dentro das diferenças existentes, e é bem verdade que alguns até jogaram contra. A capacidade de diálogo do secretário, à época Rafael Pops, da Articulação de Esquerda (AE), permitiu que a JPT tivesse a maturidade política necessária para se tornar uma secretaria e ser mais respeitada pela direção do partido. Um exemplo da dimensão deste processo é que a secretária eleita no I Congresso, a companheira Severine Macedo, se tornou a atual Secretária Nacional de Juventude do governo federal. Nós da Articulação de Esquerda e da tese nacional A Esperança É Vermelha reivindicamos este legado e por isto nos apresentamos para o conjunto da militância como alternativa de direção nacional da JPT com a candidatura do Companheiro Bruno Elias.

A JPT no estado do Rio de Janeiro por outro lado viveu e vive uma construção bem diferente da descrita acima. Não está organizada, não tem reunião, não é respeitada pela própria direção estadual partidária. Em boa medida ela é expressão de práticas comuns no PT fluminense onde os interesses pessoais ou de grupos sobrepõem a construção partidária e provoca o rebaixamento ideológico e programático do partido.

Aspectos como descrença, desorganização, desconfiança, burocratização e falta de horizonte estratégico socialista marcam a JPT do RJ nos dias de hoje. Este cenário demanda mais que número de votos no Congresso Estadual para eleger uma secretária ou secretário ou mesmo uma maioria, é preciso muita política no comando para que a reorganização da JPT fluminense se concretize na próxima gestão. Ou seja, tentar superar este estado de apatia e fisiologismo que tomou conta da JPT estadual.

O Congresso, infelizmente, não contribuiu como pontapé inicial para esta mudança do estado da arte da juventude petista em nosso estado, pois não promoveu debates e acúmulos orientadores da ação militante e dirigente da JPT-RJ para o próximo período. No raro espaço de algum debate apresentamos algumas das nossas posições e cobramos que o Congresso aprovasse resolução política. Nas conversas de bastidores todas as forças nos colocavam que não havia clima e condições para tal. Na verdade a disputa pela cabeça da Secretaria Estadual de Juventude é que motivava a imensa maioria das iniciativas concretas das forças políticas presentes.

Para termos uma idéia da pobreza política no Congresso, lá se fizeram presentes 05 forças (AE, SL, MPT, DS e CNB) e 06 candidaturas (Marcel Silvano/AE, Daniel Gaspar/DS, Rafael Amorim/CNB-Fibs, Claudinha/CNB, Alessandro/CNB e Henrique/CNB), mas apenas a AE e a DS apresentaram tese ao conjunto dos delegados e delegadas.

Nós da AE apresentamos um conjunto de princípios e ações para a JPT que pode ser visto no http://debateae.files.wordpress.com/2011/10/tese_jae_rj_conjpt_2011.pdf. Mas destacamos aqui a defesa da estratégia socialista; de um projeto democrático e popular para o estado do RJ; da entrega de todos os cargos governo Cabral, com construção de um apoio autônomo; da posição contraria às OS na gestão pública. Indicamos a necessidade da JPT promover campanhas de massa sobre a Reforma Política, o Código Florestal, uma Política Publica de Transporte, e Política Pública de Educação; a necessidade da interiorização da JPT com agendas de reuniões que mobilizem os coletivos municipais e a militância a partir das microrregiões; e colocamos a necessidade da Direção Estadual comprometer 5% do seu orçamento com a secretaria. Este conjunto de proposições está calcado em nosso diagnóstico de que

É preciso readquirir nossa capacidade de estabelecer vínculos políticos e ideológicos com as novas gerações, através dos movimentos sociais, do partido, governos e mandatos parlamentares, para práticas vinculadas à luta socialista.” (Tese A Esperança é Vermelha).

Com esta formulação política nos apresentamos e passamos a dialogar com as demais forças presentes no Congresso. Com a constatação de que não havia receptividade mínima para debate e aprovação de resolução nós da AE ficamos refém do debate sobre candidatura a Secretaria Estadual e sobre delegação ao Congresso Nacional. Como a nossa candidatura não reunia correlação de forças favorável o caminho a seguir seria avaliar as demais candidaturas à luz das nossas posições e construir uma forte delegação nacional a mais influenciada possível por nossas teses ao II Congresso da JPT.

Alguns chegaram a nos dizer que não devíamos considerar questões que não fossem da juventude, como se a juventude estivesse estanque aos processos e lutas no mundo, no país, no estado e no partido. Na prática era um discurso para não se posicionar sobre as opções do PT fluminense nos últimos anos, não avaliar o governo Cabral e os rumos da aliança com o mesmo. Não aceitamos este subterfúgio.

As candidaturas colocadas expressavam forças políticas que no ultimo PED defenderam a aliança com o governador Cabral. Posteriormente se colocaram na prévia entre Benedita e Lindbergh favoráveis à primeira. As candidaturas de Daniel Gaspar, Claudinha, Alessandro e Rafael Amorim representavam forças que no início de 2011 passaram a defender a candidatura Lindbergh para 2014, enquanto Henrique expressava o campo que se articula e defende que Luiz Sergio seja vice governador do PMDB para o próximo pleito. Sobre a entrega dos cargos no governo Cabral, apenas Claudinha afirmou para nós topar esta proposição.

No caso das OS´s, instrumento neoliberal para privatização de serviços públicos, em votação recente no Diretório Estadual as principais forças apoiadoras das candidaturas de Daniel Gaspar, Henrique e Alessandro foram favoráveis que o PT mudasse a sua opinião histórica contrária as mesmas para atender o desejo do governador Cabral. Já as forças apoiadoras das candidaturas Rafael Amorim e Claudinha se colocaram contrárias as OS.

Na proposta de garantir 5% do orçamento partidário para a secretaria de juventude é importante destacar que também a defendemos no IV Congresso Nacional do PT realizado no início de setembro em Brasília, de modo que estivesse no estatuto e assim a juventude planejasse as suas ações e não tivesse que implorar e contar com a boa vontade dos tesoureiros e as respectivas direções. Aliás este foi uma das dificuldades para o Congresso Estadual. No IV Congresso apenas a AE e o MPT defenderam a proposta, logo a CNB e a DS foram contra em Brasília e esta última fez a defesa em plenário desta posição conservadora com a sua principal figura pública, o presidente do Conselho Nacional da Juventude do governo federal.

Como podemos ver não existia uma candidatura mais a esquerda a ser apoiada automaticamente, ainda que exista uma história que envolva a DS e mereça ser respeitada. Nesta conjuntura nós da AE apostamos na reconstrução de um pólo socialista na JPT que aglutine a AE, o Socialismo é Luta, o MPT e a DS, apoiando assim o companheiro Daniel Gaspar e fortalecendo este campo na disputa nacional frente aos setores conservadores da chamada CNB.

Nossa pauta para reorganização da secretaria estadual é conhecida pelo secretário e estaremos comprometidos na sua implementação. Nós da AE defendemos um seminário de planejamento em 2 dias, incluindo mesas temáticas sobre Reforma Política; Organizações e Lutas Juvenis; Políticas Publicas para a Juventude; Código Florestal; Mega eventos e o desenvolvimento fluminense. Para nós a esperança continua vermelha no RJ e por isso estamos comprometidos com o avanço de mudanças na JPT fluminense, que sejam construídas efetivamente pela esquerda. Neste sentido, conscientes que nossa luta é geral no Partido, seguiremos construindo a última etapa do Congresso, para o qual apresentamos a tese a Esperança é Vermelha e a candidatura do companheiro Bruno Elias para secretário nacional.

Vejam vídeo com defesa (trecho) da nossa tese no Congresso da JPT Fluminense: 

http://www.youtube.com/watch?v=u6FiVE_9lpo

Blog com documentos da tese A Esperança é Vermelha:

http://aesperancaevermelha.wordpress.com/

Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2011,

Direção estadual da Articulação de Esquerda

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