Apresentador:
Olá gente, tudo bem?
Meu nome é Helbson, e estamos começando mais uma edição do Fragmentos, o podcast da Livraria Pandora. E como vocês sabem, vamos receber hoje para nossa entrevista semanal a fotógrafa Lins Lopes.
Nosso tema de hoje é fotografia. Lis Lopes é uma pessoa muito especial, muito querida e tem um trabalho voltado para o resgate da auto estima das mulheres, as pessoas que ela fotografa. Vocês vão ver, vão ficar encantadas também com o trabalho dela. Antes, porém, nós vamos ouvir um poema de Carlos Drummond de Andrade que fala também sobre fotografia.
DIANTE DAS FOTOS DE EVANDRO TEIXEIRA
A pessoa, o lugar, o objeto
estão expostos e escondidos
ao mesmo tempo, sob a luz,
e dois olhos não são bastantes
para captar o que se oculta
no rápido florir de um gesto.
É preciso que a lente mágica
enriqueça a visão humana
e do real de cada coisa
um mais seco real extraia
para que penetremos fundo
no puro enigma das imagens.
Fotografia-é o codinome
da mais aguda percepção
que a nós mesmos nos vai mostrando,
e da evanescência de tudo
edifica uma permanência,
cristal do tempo no papel.
Das lutas de rua no Rio
em 68, que nos resta,
mais positivo, mais queimante
do que as fotos acusadoras,
tão vivas hoje como então,
a lembrar como exorcizar?
Marcas de enchente e de despejo,
o cadáver insepultável,
o colchão atirado ao vento,
a lodosa, podre favela,
o mendigo de Nova York,
a moça em flor no Jóquei Clube,
Garrincha e Nureyev, dança
de dois destinos, mães-de-santo
na praia-templo de Ipanema,
a dama estranha de Ouro Preto,
a dor da América Latina,
mitos não são, pois que são fotos.
Fotografia: arma de amor,
de justiça e conhecimento,
pelas sete partes do mundo,
viajas, surpreendes, testemunhas
a tormentosa vida do homem
e a esperança de brotar das cinzas.
Carlos Drummond de Andrade.
Apresentador: Agora sim, sem muita demora, vamos chamar nossa convidada e logo deixando esse espaço para se apresentar.Quem é liso Lopes?
Liz Lopes: Uma mulher como tantas outras nesse Brasil, que se divide em uma luta diária para ser mãe, mulher, filha, empreendedora. Que todo dia vive uma busca incessante para ser respeitada, ser amada. E ser reconhecida.
Apresentador: Muito, muito, muito bacana. Aí está Liz Lopes, uma pessoa comum.Uma mulher, mãe e que escolheu a profissão de fotografia, mas por que a fotografia, Liz Lopes? O que a fotografia, de fato, representa para você?
Liz Lopes: Porque da fotografia, porque eu tenho super poder de congelar o tempo. E isso representa para mim, um grande ganho emocional de saber que eu toco a vida das pessoas de alguma forma. De saber que aquela mulher que eu fotografo, que eu estou retratando. Que ela começa a se ver, a se olhar com outros olhos. Ela se vê bonita, através das minhas lentes. Ela se vê bonita, ela se vê sensual, ela se vê poderosa. Saber que, de alguma forma, eu toquei a vida dessas mulheres, isso tem um ganho emocional pra mim, uma representatividade muito grande, quase que espiritual mesmo. Entendeu? De saber que, esse ensaio que eu faço, com todo esse trabalho eu resgato a autoestima dessas mulheres. Porque as mulheres são muito cobradas pela mídia, pela sociedade, então esse resgate é muito importante para o jeito de como ela vai se ver e essa experiência que ela vai viver é única.
Apresentador: Pois é Lis, você acabou tocando em um ponto muito importante e preocupante, né? A tripla, quádrupla jornada que as mulheres têm de exercer todos os dias, né. Cuidar da família, trabalhar, muitas vezes estudar, é muito estafante e ela acaba deixando de cuidar de si mesma, de olhar para si. E esse trabalho de fotografia que você falou parece ser genial, né? Resgatar a autoestima a partir da fotografia. A partir do olhar da mulher para ela mesma. Penso, eu, que devia ter um retorno fantástico, né? Depois a gente precisa conhecer um pouco mais e quem tiver interesse, obviamente, pode acessar as redes sociais da Liz Lopes e conhecer muito do seu trabalho. Lis, a gente está passando por esse momento de pandemia, né? Como é que está o seu trabalho, neste período, Lis?
Liz Lopes: Então, esse período que estamos passando da pandemia tem sido um período muito difícil para a fotografia. Alguns amigos fotógrafos, até abandonar a profissão.Por conta desse período. Como eu sou uma mulher como tantas nesse Brasil, como eu já disse que se divide, eu tenho dois empregos, então eu consegui equilibrar essa rotina, aí, com a foto um pouco escassa, no meu outro emprego que eu tenho. E mantendo as medidas, conservando as pessoas, né, que a gente tanto ama. São tempos muito difíceis. Estamos vivendo um período difícil. Espero que tenhamos uma lição disso tudo.
Apresentador: Estamos recebendo aqui hoje a Liz Lopes, que faz seu trabalho de fotografia, um resgate da autoestima das mulheres que ela fotografa. Liz, pra não dizer que não falamos das flores, você tem alguma referência, algum livro que despertou esse empoderamento?
Liz Lopes: Eu, mais jovem, devorava os livros do Sidney Sheldon, era apaixonada pelos livros dele. Tinha muitos livros dele, acho que li quase todos. É neles sempre a mulher, né, era a heroína, ela passava por muitas adversidades e superava todas elas. Então, eu acho que eu gostava desses livros porque sempre a heroína, uma mulher era forte, destemida, superava as adversidades, e ficava cada vez mais forte através disso. E, sobre a fotografia, eu nunca li um livro de fotografia. Eu nunca tive nenhum livro sobre a fotografia, falando especificamente, somente sobre a fotografia, nunca li nenhum e nunca comprei nenhum também. Bem, posso pensar, é um caso a se pensar, ter um livro aí, fotografia falando sobre fotógrafos famosos aqui do Brasil.
Apresentador: Muito, muito bom, Lis, essa conversa, está muito bacana e com certeza as pessoas que estão nos ouvindo vai se inspirar, vai tirar como exemplo essa garra, essa determinação e essa colaboração ao próximo que você se dedica a fazer com a fotografia. E, diz aí pra gente aí, quais são as suas expectativas dos próximos períodos? O que a gente pode esperar da Liz Lopes aí?
Liz Lopes: As minhas expectativas para os próximos períodos é que tudo melhore. É que o mundo se cure com que as pessoas tenham mais empatia umas pelas outras e, claro, com que eu volte a fotografar de novo, porque é meu ambiente seguro, né? Eu amo quando estou fotografando, aquilo ali me encanta, me fascina. Ali, eu estou fazendo o que eu amo, que eu gosto, que eu tenho verdadeira paixão. Direcionar as mulheres, de ver o olhar delas, de conversar. No final das contas, no final do ensaio, algumas clientes ficam até amigas. Você cria um elo, né? De amizade entre você e a cliente. Algumas se abrem, você é fotógrafo, você é psicóloga, você amiga, você irmã, vai ser um pouco mãe. É todo um cuidado. É todo um processo, então, minha expectativa é que esse, tudo se acabe. Que a pandemia se acabe, que o mundo se cure, e que eu possa fazer altos clicks aí. Pode esperar bastante ensaios com mulheres lindas, maravilhosas, poderosas. É, porque essas mulheres se reconheçam, se vejam cada vez mais lindas, mais imponderadas que elas se olhem com mais gentileza, né? A gente é tão gentil com o outro. Por que que a gente cobra tanto de si mesmo, né? Porque essas mulheres possam ser mais gentis com elas. Que eu possa, de alguma forma, mudar a vida delas de algum jeito, com a minha fotografia, com o meu trabalho, que eu faça muitas fotografias lindas aí, muitos cliques bacanas. E, é isso que vocês podem esperar de mim. Espero que eu possa corresponder às expectativas, né? Colocada sobre mim. É tudo que eu mais quero. Bem, até hoje, a maioria das minhas clientes ficam muito felizes quando eu entrego as fotos, então espero que isso aconteça cada vez mais.
Apresentador: Uau… Eu tenho certeza que esse trabalho que você realiza na vida das mulheres, traz novas perspectivas para cada uma delas. Elas passam a olhar com outros olhos. E, eu queria que você falasse um pouco, é agora para aquelas que queiram fazer, mas ainda estão meio que, inseguras, incertas. O que elas podem esperar? Como é que elas podem te achar? Fala um pouquinho para essas mulheres, que te ouviram, e agora estão querendo te procurar.
Lis Lopes: Você é mulher, está me ouvindo, que está com a autoestima baixa, com amor próprio reduzido, vem viver essa experiência comigo, vem resgatar essa auto estima, vem buscar esse amor próprio. Uma coisa eu te digo, o amor próprio é um caminho árduo, ninguém passa a se amar do dia pra noite. Ninguém fala a partir de hoje eu vou me amar. Não! É um processo. É um processo árduo, é caminho árduo, mas eu vou te dizer uma coisa, é um caminho sem volta. Depois que você aprende a se amar. Não tem volta mais, Você cada vez mais, vai se olhar com mais carinho, mais amor. Porque até porque eu acredito muito nisso, que a beleza vem muito de dentro para fora. Como você se impõem, como você se acha, é o jeito que você vai passar, vai transparecer para o outro. Então, se você se acha bonita, se você se achar sensual, é assim que vai ser. Só que muitas mulheres não tem essa segurança, mas tinha aquelas descobrem essa segurança… Ai, ai é amor pra vida toda, aí a cada dia mais se amando, e se jogando, e brilhando. E, é isso. Só vim fazer um ensaio sensual comigo que você, tenho certeza, vai adorar.
Apresentador: Bem, amigos, agradeço de coração à Liz Lopes e a todos que estão nos ouvindo. Eh, espero encontrar vocês novamente na próxima semana com mais uma entrevista. Até mais, obrigado pela participação.
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