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Foto do escritorHelbson de Avila

A carne mais barata do mercado: uma análise etnográfica da canção de Elza Soares

A música "A Carne", interpretada por Elza Soares, é um grito potente contra o racismo e a desigualdade social no Brasil. Lançada em 2002 no álbum "Do Cóccix até o Pescoço", a canção, composta por Seu Jorge, Marcelo Yuka e Ulisses Cappelletti, vai além da denúncia, tornando-se um manifesto em defesa da população negra e de sua ancestralidade.


Observando a letra sob uma perspectiva etnográfica, podemos analisar como ela reflete a realidade social e histórica da população negra no país. A música ecoa as vozes marginalizadas que, por séculos, foram silenciadas e subjugadas. "A carne mais barata do mercado é a carne negra" é um verso que escancara a brutal realidade do racismo estrutural, que se manifesta na exploração da mão de obra, na violência policial e na falta de acesso a serviços básicos como saúde e educação.


A canção também evoca a memória da escravidão, período em que corpos negros eram literalmente comercializados como mercadoria. Essa ferida histórica ainda aberta se manifesta nas desigualdades sociais que persistem até hoje. A letra nos convida a refletir sobre como o passado molda o presente e como as marcas da escravidão ainda estão presentes na sociedade brasileira.


"A carne" é um chamado à resistência e à luta por justiça social. A música encoraja a população negra a se orgulhar de sua identidade e a lutar por seus direitos. Elza Soares, com sua voz potente e sua história de vida marcada pela superação, dá vida à canção e a transforma em um hino de empoderamento.


A música também dialoga com a cultura afro-brasileira, utilizando elementos do samba e do hip hop, gêneros musicais que representam a resistência e a criatividade da população negra. Essa fusão de ritmos e estilos musicais reflete a riqueza e a diversidade da cultura afro-brasileira e reforça a mensagem de empoderamento da canção.


"A carne" é mais do que uma música, é um documento etnográfico que registra as dores, as lutas e as esperanças da população negra no Brasil. É um convite à reflexão sobre o racismo e a desigualdade social e um chamado à ação para construir uma sociedade mais justa e igualitária. Através da música, Elza Soares amplifica as vozes marginalizadas e nos convida a lutar por um futuro onde a carne negra não seja mais a mais barata do mercado.

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